À conversa com a Drª @Alexandra Esteves: “O Homem e as epidemias: uma relação difícil ao longo da História.”
A partir de um olhar de historiador, percorremos as epidemias que atingiram a Humanidade desde a Antiguidade Clássica até à actualidade. Pontos relevantes: contextos em que os surtos ocorreram, já que aqueles ajudam a explicar a emergência das epidemias; medidas adoptadas para as combater; impacto na vida das populações. Olhámos para o passado como espaço de aprendizagem e, entre outros motivos de reflexão, salientamos: as fragilidades do Homem evidenciadas pela recorrência de epidemias e a sua capacidade para superá-las.
Há uma mensagem positiva e uma nota de esperança a reter desta conversa. Apesar de os surtos epidémicos serem recorrentes e terem existido alguns que causaram um número de mortes muito superior ao que o covid-19 causou, até ao momento, todos foram ultrapassados, ainda que os meios existentes no passado fossem muito inferiores aos actuais.
Das lições que podemos retirar das experiências passadas, há uma que importa destacar. Apesar do progresso científico, o Homem continua extremamente vulnerável aos agentes infecciosos e o modo de vida contemporâneo contém diversos aspectos que tornam bastante provável um aumento destes surtos no futuro: • cidades populosas; • contacto cada vez mais alargado: entre populações de pontos muito afastados do globo; entre homens e ecossistemas que, até recentemente, estiveram razoavelmente isolados; • alterações climáticas.
Importa, por isso, reflectir sobre estas questões e prepararmo-nos para melhor lidar com situações de pandemia futuras. Como arquitectos, cabe-nos pensar em novos modelos de: habitação; estabelecimentos de ensino, comércio e saúde; unidades industriais e logística e planeamento urbano. Sistemas como o trabalho remoto e o ensino à distância que estavam a ser gradualmente adoptados nalguns meios, foram de um dia para o outro impostos de forma global. Se, neste aspecto, o covid-19 acelerou o futuro, por outro, parece existir uma tendência para repensar o rumo tomado pela globalização. Uma maior proximidade entre o local de produção de bens e a população a que se destinam parece desejável em termos ambientais e de segurança. É para os desafios proporcionados por este contexto que nos estamos a preparar.
CA Talks: Drª @Alexandra Esteves gave a talk on “Man and epidemics: a difficult relationship throughout history.”
A historians’s point of view on the epidemics that hit Humanity throughout past centuries was presented and some of its key points were: the contexts in which epidemic outbreaks occurred, that partly explain their emergence; measures taken to combat them; impact on people's lives. We looked at the past as a learning opportunity and, among other reflection topics introduced, we highlight: the vulnerability of man revealed by epidemics’ recurrence and his ability to overcome them.
We felt inspired by the positive message and note of hope that underlined the presentation. Although epidemic outbreaks are recurrent, all have been defeated, despite much lower existing knowledge and technical resources in the past.
From all lessons drawn from past experiences, there is one that is worth highlighting. Despite scientific progress, man remains extremely vulnerable to infectious agents and it is very likely that pandemics will increase in the future. The following characteristics of contemporary life are cause for concern: • heavily populated cities; • increasing contact between populations from very distant points of the world; • increasing contact between men and ecosystems that, until now, have been isolated; • climate change.
We have to address these issues if we want better control and management of future pandemic situations. Architects must rethink: home design; shared spaces like schools, hospitals, offices, commercial spaces and industrial units; urban planning. When confinement was forced, remote work and e-learning, which have been gradually adopted by an increasing number of people, were imposed globally overnight. Covid-19 accelerated the future. On the other hand, there is a tendency to rethink one of the central features of contemporary life: globalization. Greater proximity between goods production and consumers seems now desirable, both for environmental and safety reasons. We are preparing for the unprecendent challenges raised by this context.