À conversa com o Dr. Manuel Cunha: “Comunicação em tempo de confinamento: um olhar sociológico”
Nesta conversa, foram abordadas as mudanças na comunicação inter-pessoal impostas pela pandemia. A disrupção que esta provocou nos rituais quotidianos obrigou a ajustes pessoais que vão para além da mudança de gestos e comportamentos. Apercebemo-nos agora que actos tão espontâneos como o aperto de mão tinham uma importância maior do que a que lhe atribuíamos. Um testemunho elucidativo foi apresentado: sem o habitual aperto de mão, algumas reuniões de trabalho presenciais parecem não ter um início nem um fim determinados.
Estão aí para ficar novos regulamentos que implicam: redução do contacto próximo inter-pessoal, restrições a deslocamentos, imposição de cuidados de higiene ritualizados. Estes regulamentos provocam alterações na forma como: comemos, trabalhamos, fazemos compras, fazemos exercício físico, cuidamos da nossa saúde, socializamos. Dado que, nos próximos tempos, o contexto em que vivemos não se vai modificar significativamente, as transformações radicais do nosso estilo de vida, que inicialmente pensámos ser temporárias, vão perdurar.
Os novos padrões de comportamento individual e social tornam inadequados muitos espaços e a forma como eram utilizados. As habitações precisam de se adequar ao teletrabalho e ao ensino à distância, os escritórios open-space precisam de ser repensados, só para dar alguns exemplos, em que tivémos que improvisar de um dia para o outro.
Novamente, o arquitecto surge aqui como um elemento chave no repensar o futuro, ou mais correctamente, o presente, pois o “novo normal” já aqui está. Nós estamos a mudar para melhor podermos ajudar a mudar. Citando os versos intemporais de Luís de Camões:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. […] Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.”
CA Talks: Dr Manuel Cunha gave a talk on “A sociological look at communication during confinement periods”
The covid19 pandemic redefined interpersonal communication. Disruption to daily routines, caused by new health protection practices, forced personal adjustments that go beyond changing our behaviours. We now realize that simple and spontaneous gestures like shaking hands have more meanings in communication than an exchange of greetings. A participant in the conversation stated that, without the usual handshake, some face-to-face work meetings do not seem to have a specific beginning or end.
New regulations impose: reduction of close interpersonal contact, restrictions on movement and travel, ritualized hygiene practices. They change the way we eat, work, shop, exercise, take care of our health, socialize. In the near future, the current situation will not change significantly. Therefore the radical transformations in our lifestyle, which we initially thought to be temporary, will endure.
Under the new individual and social behavior patterns, many communal spaces and their usage become inappropriate. For example, houses need to adapt to remote work and learning, open-space offices need to be rethought. Thus, architects will be at the heart of rethinking the future, or more precisely, the present, since the “new normal” is already here.
We are going through changes in order to help you to change. Quoting the timeless verses of portuguese poet Luís de Camões:
“Time changes, and our desires change. […] The world is change, which forever takes on new qualities.”
Selected Sonnets: A Bilingual Edition (University of Chicago Press, 2008)