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À conversa com a Dra Teresa Freire: “Adaptação psicológica em situação de crise pandémica”

Do ponto de vista psicológico, a crise pandémica coloca-nos perante três factores, que podem afectar a nossa saúde mental e equilíbrio emocional:
• Incerteza em relação ao presente e ao futuro.
• Imprevisibilidade.
• Ausência de respostas conhecidas.

Perdidas as rotinas e hábitos, foi-nos exigido que improvisássemos de um dia para o outro, sem nos pudermos valer de experiências anteriores. O regime de teletrabalho, particularmente para aqueles que têm crianças a seu cargo, provocou um stress acrescido ao que o contexto da pandemia já tinha gerado. O facto de não ter havido uma fase de aprendizagem e treino para lidar com este novo paradigma de trabalho e simultaneamente gerir a presença da família no espaço de trabalho requereu um esforço individual pesado, de adaptação.

Actividades que eram realizadas em espaços diferentes, e em que assumíamos papéis apropriados aos mesmos, foram todas deslocadas para o mesmo espaço, deixando-nos, inicialmente, um pouco desorientados. Tivemos que aprender a gerir as várias personas, que actuavam em espaços cénicos diferentes e que, de um momento para o outro, ficaram misturadas. A reorganização do dia-a-dia obrigou a uma reorganização do self, requerendo esforço cognitivo, emocional e relacional.

Estando consciente destas dificuldades, a Central Arquitectos organizou o ciclo de conversas em que esta se integra, visando dar ferramentas aos seus colaboradores para melhor lidarem com a mudança. Espera-se que o conhecimento e experiências partilhadas sejam um caminho para: manter a esperança, cultivar um optimismo realista e aumentar o capital psicológico.

Durante esta conversa, foi destacada a necessidade de regular os nossos recursos psicológicos para não se esgotarem num só contexto. É preciso preservar o equlibrio entre trabalho e as outras dimensões da vida, tal como a família e o lazer. É importante ter objectivos e traçar planos, para melhor regularmos os nossos esforços, mas também ter flexibilidade para gerir a imprevisibilidade.

Um dos participantes na conversa considerou que, o facto de nos ter sido explicado porque é que as dificuldades por que estamos a passar são normais e por terem sido dados nomes a estas vivências, tinha sido importante para ultrapassarmos ocasionais sentimentos de inadequação,

É provável que passada a adaptação, exista quem identifique aspectos positivos nas mudanças ocorridas, como por exemplo:
• maior disponibilidade de tempo,
• cortes nas despesas e na pegada ecológica, proporcionados pela minimização de deslocações para o local de trabalho.

Para quem vive em cidades com horas de ponta problemáticas, evitar o stress a que se está submetido nessas alturas, será eventualmente uma vantagem acrescida.

Os seres humanos, de uma forma geral, têm uma grande aversão à incerteza, imprevisibilidade e mudança. Tipicamente, preferem o que é conhecido do que ter que defrontar problemas novos e inesperados, mesmo que reconheçam ineficiência ou complexidade nos processos que utilizam. Por isso, se dependesse de escolhas pessoais, talvez nunca nos tivéssemos atrevido a experimentar outras maneiras de trabalhar e viver. Se, inicialmente, a adaptação foi dolorosa, após a familiarização com novas rotinas, é possível que haja quem tenha vontade de tornar definitivas algumas das mudanças realizadas. Por exemplo, quem verificar que consegue gerir melhor o seu tempo e tarefas poderá ver o teletrabalho como vantajoso.

Concluimos então que, pelas vivências entretanto ocorridas, quando o confinamento terminar, será mais apropriado falar na entrada num mundo novo do que num regresso ao mundo pré-Covid19.

CA Talks: Drª Teresa Freire gave a talk on “Psychological adaptation in a pandemic crisis”

This pandemic crisis presents three aspects that may affect our mental health and emotional equilibrium:
• Present and future uncertainty.
• Unpredictability.
• Lack of known solutions.

After loosing our routines and habits, we were required to improvise overnight, without any clues from previous experiences. Remote work, particularly for those in charge of young children, added stress to the one already caused by the pandemic. Since there was no learning and training phase for dealing with the new work paradigm and simultaneously manage the family presence in the work space, a heavy individual adaptation effort had to be made.

We used to carry out different activities in different spaces. Accordingly, we also played different roles in each of these spaces. When all activities were suddenly required to be performed in just one place, we felt a little disoriented. Our diverse personas, which used to inhabit specific scenic spaces, became mixed up. We had to figure out how to manage all of them in the same place. Our daily routine reorganization forced a self-reorganization, requiring cognitive, emotional and relational efforts.

Being aware of these difficulties, Central Arquitectos organized a series of talks, including this one, aimed at providing its employees with tools for dealing with changing times. Shared knowledge and experiences are expected to: raise hope, cultivate realistic optimism and increase psychological capital.

The need to self-regulate our psychological resources, in order to avoid exhausting them in a single context, was highlighted. Our well-being requires a balance between work and other life dimensions, such as family and leisure. It’s very important to set goals and make plans towards efficiently manage our efforts, but, in addition to that, flexibility is necessary to manage unpredictability.

One of the participants considered that, being told that the difficulties we are going through are normal and that we’ve been experiencing known issues, was extremely helpful for overcoming occasional feeling of inadequacy.

It’s likely that after the adaptation period, some of us will be able to identify positive aspects in the current way of life. For example, by minimizing travels to the work place:
• there’s more time available for other activities;
• transportation costs and the ecological footprint are reduced.

For those who live in cities with problematic rush hours, there’s an extra advantage: the stress people go through when they commute is avoided.

Human beings, in general, have great aversion to uncertainty, unpredictability and change. They’d rather choose what they know over new and uncertain problems, even if they recognize inefficiency or complexity in the methods they use. If we were given freedom to choose, we probably wouldn´t dare trying another life style. After familiarization with new routines, it’s likely that some of us, given the opportunity, prefer to adopt permanently some of the changes that were supposed to be temporary. Those that were able to more effectively manage their time and tasks, may consider that remote work is better than working at the office.

Everything considered, the end of confinement will most likely be followed by the beginning of a new world rather than the return to a pre-Covid19 world, due to the experiences we’ve been through.

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