A Câmara Municipal de Braga anunciou, esta semana, que os seus planos para a composição de um Parque Central, integrando as diversas zonas verdes da cidade, estão em andamento. Este projecto, proposto em 2017, visa a ligação em rede de tais espaços, para dar origem a um bracarense Central Park.
Ficámos muito satisfeitos por ter tido conhecimento que estes planos vão ser concretizados, pois os mesmos são parcialmente coincidentes com um plano mais ambicioso e abrangente que a Central Arquitectos propôs, em 2015, no âmbito de um Concurso de Ideias Profissionais de Arquitectura, lançado pelo Município de Braga. Este, tinha como objectivo, promover a reflexão e gerar o debate em torno da regeneração do eixo da Avenida da Liberdade, enquanto elemento potenciador do desenvolvimento da sua envolvente.
A reconversão da Avenida da Liberdade, que propusemos, integrava-se numa ideia global de reordenação do coração da cidade. O propósito orientador do nosso plano era a criação de condições para os cidadãos usufruirem plenamente das zonas da cidade com maior riqueza quer em termos de património arquitectónico, histórico e cultural, por um lado, quer natural e lúdico, por outro.
Os pontos chave da ideia proposta pela Central Arquitectos eram os seguintes: | Reconversão do perfil da Avenida da Liberdade, transformando um eixo, que actualmente serve maioritariamente para circulação de tráfego rodoviário, num Boulevard. Sem impedir tal circulação, pretendia-se implementar um novo equilíbrio entre fluxos rodoviários e fluxos pedonais e de modos suaves, promovendo o desenvolvimento de actividades económicas e sociais na principal artéria Norte-Sul da cidade. Remetendo para o contexto actual, com o alargamento dos passeios da Avenida, teríamos um espaço público onde o afastamento social seria mais natural e praticável. | Promoção da Avenida da Liberdade a elemento de ligação entre o Centro Histórico e o Parque da Cidade, conferindo capacidade de atracção conjunta a estes dois pólos. | Valorização da zona sul de Braga, reabilitando o Monte Picoto, a frente ribeirinha do Rio Este, o Parque de Exposições e o Parque de S. João da Ponte.
Existem inúmeros exemplos históricos de ideias e obras que só são compreendidas e valorizadas anos depois de terem sido apresentadas. Como estamos em plena Primavera, os girassóis de Van Gogh ocorrem-nos naturalmente e damos como exemplo desse fenómeno, de valorização tardia, precisamente a obra deste pintor.
É essencialmente para prestarmos homenagem ao amigo Eng. Paulo Espinha, que faleceu recentemente, que recuperámos do esquecimento este plano. Tendo participado como Engenheiro de Tráfego no desenvolvimento desta proposta, além disso, contribuiu significativamente para a estratégia delineada. As boas sementes acabam sempre por germinar!
