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Hoje é #DiaMundialDoAmbiente. Foi criado pela ONU, para acentuar a necessidade de preservar e melhorar o ambiente e incentivar posturas conscientes na utilização de recursos naturais.

O arquitecto ordena a natureza para moldar o habitat humano. O território e o espaço são a matéria utilizada para propor o seu cosmos. Tem, por isso, especial responsabilidade na construção de um mundo sustentável, onde o homem se integre harmoniosamente. Assim, a sua actividade não pode estar desligada de questões de ética social e de eco-ética. Estas ideias foram lançadas como material de reflexão pelo Prof. Lopes de Miranda, na penúltima conversa do ciclo “À conversa com …”, intitulada “Questões éticas no contexto da pandemia”. Neste ciclo, realizado em parceria com a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa - Centro Regional de Braga, cruzaram-se diversos olhares sobre a pandemia, que temos vindo a partilhar, semana após semana.

À conversa com o Dr. Lopes de Miranda: Questões éticas no contexto da pandemia

A Ética, área da Filosofia que tem como objecto de estudo os valores morais, deve a sua razão de ser ao facto de a Humanidade ser feita de pessoas e não de indivíduos, isto é, surge como consequência do carácter social da natureza humana. No exercício da arquitectura, as questões éticas podem estar associadas a aspectos aparentemente tão pouco “filosóficos” como a escolha de materiais, ou a aspectos mais metafísicos como a própria prática da actividade.

A pandemia actual provocou uma reflexão generalizada sobre a sociedade humana, principalmente a partir do momento em que fomos abalados por imagens de médicos italianos relatando a falta de meios para assisitir doentes em situação crítica. Obrigados a escolher quem seria socorrido, foram colocados perante o seguinte problema: Quais os critérios a utilizar para classificar o valor de uma vida, quando esse valor determina a respectiva hipótese de sobrevivência?

Outras questões éticas complexas, a considerar em situações de pandemia são:
• Que obrigações têm os médicos e outros trabalhadores, que assistem doentes contagiosos, face aos riscos que correm?
• Qual o nível de controlo que deve ser imposto na sociedade, de forma a proteger a comunidade, sem eliminar direitos individuais fundamentais, tal como a privacidade?
• Na eventualidade de vir a estar disponível uma vacina, que critérios utilizar para decidir quem tem prioridade no acesso à mesma?
• Nas empresas que sofreram cortes profundos nos seus lucros, como é que estes devem ser geridos?

A natureza é regida pelos mecanismos descritos na “Origem das Espécies”, onde a teoria do Evolucionismo desenvolvida por Darwin é apresentada. A evolução das espécies é uma consequência da luta pela sobrevivência. Nesta luta, os mais fortes sobrevivem e passam os seus genes à geração seguinte. Os mais fracos, menos adaptados, acabam por extinguir-se. No entanto, a Humanidade não funciona desta forma. Os seres humanos, sendo dotados de consciência, regem-se por leis diferentes. A lei do mais forte (embora tenha um número considerável de adeptos) não é a que nos caracteriza. Então, o que é que nos caracteriza?

Indo à raiz da espécie, como é que os antropólogos, perante esqueletos com configurações muito semelhantes, fizeram a separação entre os primeiros humanos e diversas espécies de humanóides? Se existiu rito perante a morte, como, por exemplo, a colocação do corpo em posições determinadas, ou se o esqueleto indica que aquele a quem pertenceu, só sobreviveu, até aquela idade, porque teve ajuda de outros, considera-se que o esqueleto é de um humano.

Uma característica típica da nossa espécie é precisamente a ajuda mútua. Somos seres responsáveis uns pelos outros, cuja conduta é regulada por costumes. Oposto a este comportamento, temos o dos animais, que agem motivados por mecanismos orientados para a sobrevivência individual, como o instinto.

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, todos os seres humanos têm os mesmos direitos. No entanto, tal poderá ser inviável, em situações limite, tal como a da escassez de recursos. Se estes forem essenciais para assegurar a sobrevivência, a decisão referente aqueles que devem ser salvos não pode assentar em princípios discriminatórios simplistas, como a exclusão dos mais velhos, por exemplo. Por isso, existe uma deontologia médica, onde estão definidos os protocolos relativos à prioridade de salvamento. Estes têm em consideração diversos factores, sem nunca considerar que alguém é “menos pessoa” devido à idade, sexo ou outra característica mais ou menos arbitrária.

Relativamente à arquitectura, a questão principal, suscitada pelo contexto actual é provavelmente: Como projectar edifícios e cidades melhor preparados para enfrentar situações de pandemia? A prevenção é uma questão ética, já que, essencialmente, se trata de preparar a sociedade para aumentar as probabilidades de sobrevivência de todos.

créditos | jardim | casa FM


The UN designated June 5 as #WorldEnvironmentDay to highlight the need to preserve the environment and promote conscious use of natural resources.

The architect shapes nature in order to build the human habitat. Territory and space are the materials he uses to propose his cosmos. Therefore, he has special responsibilites in the construction of a sustainable world, where human beings can be harmoniously integrated. Social ethics and eco-ethics are then necessarily involved in his activities.

These and other ideas were presented as starting points for reflection, by Prof. Lopes de Miranda, in the penultimate talk of our cycle “À conversa com …”, titled “Ethical issues in pandemic planning and response”. The Faculty of Philosophy and Social Sciences of the Catholic University of Portugal - Regional Center of Braga is our partner in this cycle, where different perspectives on the current pandemic have been crossed and shared in our website, week after week.

CA Talks: Dr. Lopes de Miranda gave a talk on “Ethical issues in pandemic planning and response”

Ethical issues arise because Humanity is made up of people and not individuals, that is, because of the social character of human nature. The practice of architecture involves ethical issues associated with aspects as different as the (apparently not quite philosophical) selection of materials and (more metaphysical ones) as the architectural practice itself.

The Covid19 crisis, and first and most the images of Italian doctors reporting the lack of means to assist critically ill patients, triggered reflections on our society values. Forced to choose who’d be rescued, doctors faced the following problem: Which criteria should be used to classify the value of a human life, when that value determines the patient’s chances of survival?

Other complex ethical issues that arise in pandemic situations are:
• What are the obligations of doctors and other workers, who take care of contagious patients, when they risk their own lives?
• How much control should a government impose on society in order to protect the community, without suppressing some fundamental individual rights, such as the right to privacy?
• If a vaccine becomes available, which individuals and groups should have priority access to it?
• If a company suffers severe declines in profitability, how should the profit and loss be managed?

According to the Theory of Evolution, detailed by Darwin in his book “On the Origins of Species”, nature is ruled by natural selection. The struggle for existence leads to evolution, since only the animals that are better adapted to their environment survive and pass their genes to the next generation. However, this biological mechanism doesn’t apply to humans. In human societies, the law of the strongest does not prevail. Human beings are endowed with reason and conscience and act according to other laws. Why is that? What distinguishes human beings from other animals?

Let’s go back to our roots. Given very similar skeletons, how did anthropologists determine which belonged to first humans and which belonged to humanoids? Skeletons found in specific positions reveal death rites and therefore are considered to belong to human beings. The examination of scattered bones can also give useful clues. Given a bone of a somehow fragile grown up, who wouldn’t have survived without the help of others, anthropologists deduce it belonged to a human being.

Mutual aid, altruism, cooperation is the thumbprint of human beings. Our species is fundamentally social, having always lived in communities, where people are responsible for one another. On the other hand, animals follow instincts and are mainly focused on ensuring individual survival.

According to the Universal Declaration of Human Rights, all human beings have the same rights. However, in extreme situations, such as resources scarcity, this may no longer be true. If those resources are needed to ensure survival, decisions regarding who should be saved cannot be based on simplistic discriminatory principles, such as the exclusion of older people. That’s why there is a medical deontology, where rescue priority protocols are defined. These take into account diverse factors, never discriminating against individuals or groups on the basis of their age, sex or other arbitrary trait.

With regard to architecture, the main question raised by the current context is probably: How should buildings and cities be designed to cope with life during a pandemic? Prevention is an ethical issue since its overall goal is increasing everyone's chances of survival.

credits | garden | house FM

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